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sábado, 31 de dezembro de 2011

Vai, ano velho!



 Vai, ano velho, vai de vez,
 vai com tuas dívidas
 e dúvidas, vai, dobra a ex-
 quina da sorte, e no trinta e um,
 à meia-noite, esgota o copo
 e a culpa do que nem me lembro
 e me cravou entre janeiro e dezembro.

 Vai, leva tudo: destroços,
 ossos, fotos de presidentes,
 beijos de atrizes, enchentes,
 secas, suspiros, jornais,
 Vade retrum, pra trás,
 leva pra escuridão
 quem me assaltou o carro,
 a casa e o coração.
 Não quero te ver mais,
 só daqui a anos nos anais,
 nas fotos do nunca-mais.

 Vem, Ano Novo, vem veloz,
 vem em quadrigas, aladas, antigas
 ou jatos de luz modernas, vem,
 paira, desce, habita em nós,
 vem com cavalhadas, folias, reisados,
 fitas multicores, rebecas,
 vem com uva e mel e desperta
 em nosso corpo a alegria,
 escancara a alma, a poesia,
 e, por um instante, estanca
 o verso real, perverso,
 e sacia em nós a fome
 - de utopia.

 Vem na areia da ampulheta com a
 semente que contivesse outra se-
 mente que contivesse ou-
 tra semente ou pérola
 na casca da ostra 
 como se
 se
 outra se-
 mente pudesse
 nascer do corpo e mente
 ou do umbigo da gente como o ovo
 o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
 a placenta da noite em viva flor luminescente.

 Adeus, tristeza: a vida
 é uma caixa chinesa
 de onde brota a manhã.
 Agora
 é recomeçar.
 A utopia é urgente.
 Entre flores de urânio
 é permitido sonhar.

Affonso Romano de Sant'Anna
Imagem Google


2 comentários:

Dri disse...

Oi amiga...


Já tem algum tempo que não passeio pelos blogs que tanto gosto.

Quero te desejar um ano de muita luz, paz, amor e saúde.

Que voce seja sempre muito feliz e amada.

Beijo grande.
Fica com Deus

Glória Maria - Fadinha disse...

Feliz ano novo querida! Muita paz! Carinhos